SER QUEBECOIS (e CANADENSE)

Desculpem, este post vai ser meio longo, mas preciso desabafar!!! Preciso botar pra fora o que estou sentindo!!! Lá vai...
O Québec realmente é uma província que nos acolheu incrivelmente bem... Confesso que antes de vir pra cá já imaginava um apoio do Governo, porque sabe-se que a província e o país necessitam de imigrantes que ocupem o mercado de trabalho, agreguem juventude à uma população em constante envelhecimento, e obviamente paguem seus altos impostos para garantir a aposentadoria dos velinhos... Porém nunca imaginei que, quase 5 meses depois de nossa chegada, eu pudesse me sentir tão Quebecois!
É verdade, me sinto realmente parte de uma província pujante, com fôlego de sobra pra continuar crescendo. De uma sociedade civilizada ao extremo, e que tem uma identidade própria e diferenciada de todo o país. Sinceramente, estou aqui há meses e parece que nasci aqui. Não estou exagerando!!! Tantas coisas boas têm acontecido, que não consigo deixar de extravasar minha alegria!!
Vou citar numa ordem algumas das atividades aqui exercidas que me fazem sentir orgulhoso de estar aqui. São pequenas e grandes coisas que, depois de feitas me fazem ser cada vez mais quebecois. Temos um casal de amigos virtuais (por enquanto) que calculam em porcentagem o quanto eles se consideram canadenses. É uma maneira super bem-humorada porém verdadeira de expressar sua identidade. Eu não sou tão criativo, então vou citar algumas coisas que me marcaram:
- abertura de conta no banco
- aluguel definitivo do apartamento
- primeiro rancho no super
- primeiro cheque do governo de auxílio financeiro à Ana Luísa
- compra de móveis e utensílios variados para o apê
- primeiras aulas de francês subsidiadas pelo governo do Québec
- meu primeiro emprego!!
- primeiras palavras em francês e inglês faladas pela Ana Luísa
- visita às cidades de Ville de Québec (capital) e Mont-Trembland (cidade colonial)
- visual das árvores com tonalidades vermelhas e amarelas no outono
- carteira de habilitação (permis de conduire)
- compra do primeiro carro (YES, compramos na última terça-feira - apelido: Moby Dick)
- primeira vez que vi uma camada de gelo nos vidros do meu carro, ontem, quando a temperatura de manhã estava em -3
- primeira festa de halloween (sim, foi neste sábado com direito à fantasias e tudo mais!!)
- algumas atividades realizadas na empresa onde trabalho

Sobre a empresa onde trabalho. Sabe aquela sensação de ser útil? De sentir-se progredindo? De sentir-se valorizado e respeitado? Bom, sem dúvida isso está acontecendo comigo. E não digo só pelo tratamento que a própria empresa me dá (como por exemplo aulas particulares de inglês in loco contando como hora trabalhada!), mas também porque começo a perceber o quanto é verdadeiro o que lia sobre a preocupação do governo do Québec em inserir imigrantes no mercado de trabalho e buscar soluções econômicas para permitir o crescimento da província. Dou dois exemplos vividos por mim nas últimas semanas, especificamente que ocorreram na empresa onde trabalho:
1) A empresa foi convidade a fazer parte de um programa do Governo provincial chamado Emploi-Québec. É um programa completo que visa a integração profissional dos novos imigrantes (nouvelles arrivantes). Resumindo: nossa empresa não vai desembolsar um tostão para fazer parte do banco de dados do site (que publica vaga principalmente para imigrantes), vamos receber 3 visitas de pessoas responsáveis pelo projeto conscientizando a Diretoria da importância de ter mão-de-obra diversificada (leia-se todos os que recém chegam como residentes permanentes) e ainda teremos uma matéria divulgada num jornal local divulgando a empresa.
2) Fui convidado juntamente com outra pessoa da empresa a participar, hoje, de uma rodada de negócios envolvendo 17 empresas locais. Explico melhor: primeiro recebemos na empresa 5 autoridades do Governo do Québec (pertencentes a Ministérios como Relações Internacionais, Desenvolvimento Econômico, etc). Sentamos e apresentamos durante 30 minutos a empresa e o objetivo de exportar para novos mercados. Depois participamos de um almoço chique num hotel, onde estavam presentes essas mesmas pessoas e outras autoridades, bem como representantes de 17 empresas. Objetivo: fazer uma roda de discussões sobre as relações comerciais da província do Québec e outros países, notadamente o México. Houve uma palestra da Cônsul do Québec no México, explorando as características econômicas e culturais daquele país, bem como fazendo um balanço das parceriais a nível comercial realizadas até o momento. Nesta ocasião também fui convidado a participar em Março de um workshop de 6 dias no México, onde sairá daqui uma delegação de representantes de empresas do setor de plásticos (no qual trabalho) que se reunirá com empresários deste tipo de indústria lá a fim de criar na prática um relacionamento comercial que vise uma troca de negócios entre empresas do México e do Québec. Não é o máximo?!

Sabe quando tu te sente parte de um grande projeto, se sente útil e reconhecido, e ainda por cima contribuindo para o crescimento da província que me acolheu e onde presentemente eu moro? Pois é, esta província e este país estão me cativando, pois aqui sou capaz de experimentar sensações de sucesso e de ascensão, sou valorizado como se aqui tivesse nascido, faço parte de programas riquíssimos em conteúdo e o mais importante: não ficam só no papel, se concretizam e eu, Gadi - uruguaio de nascença e brasileiro de coração, serei um dos responsáveis pelo projeto de melhorias que o governo deste Québec está propondo.
É ou não é uma RIQUÍSSIMA EXPERIÊNCIA QUE ESTOU VIVENDO AQUI?!
E pra quem estiver pensando em vir pra cá, ou já começou o processo e está quase terminando (né Mariane e Fabrício, Jane e Antônio, pessoal do grupo de imigração de POA!), fiquem felizes: o governo quer passar de 45.000 a 55.000 o número de imigrantes chegando na província ao ano!
Beijos e abraços a todos,
Gadi (le nouveau quebecois)